sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Calabouço Surreal: Shamou Filosofando enquanto a minhoca come solta...

Mais um Calabouço das Peças no RJ. Esta é a turma de apreciadores de jogos de tabuleiro que não entendem porque ir a praia no domingo de manhã pode ser mais importante do que ler a biografia do Martin Wallace.

Para aquecer as turbinas a galera aceita a sugestão do Cacá (quem é louco de não aceitar?) e monta a primeira mesa da noite: Pickomino (Hummm???)

O Cacá começa a explicação:

- Nós somos galinhas e queremos minhoca!!!

Como esta explicação não pega bem para um cidadão latino-palestino o Cacá tratou de refazer sua explicação do jogo:

- Bem, quero dizer... Nós somos galos-bomba e estamos interessados nos anelídeos.

Para que os leitores não pensem que bebemos a cachaça do Shamou, informamos que no Pickomino os jogadores precisam, através do resultado da rolagem de 8 dados, resgatar os dominós-minhocas do tabuleiro ou roubar as minhocas dos outros jogadores (Quê, quê é isso Manooo!!!) . No final quem tem mais minhocas vence o jogo.

Com essa história de roubar minhoca foi um tal de “vou pegar a minhoca de fulano”, “deixa que essa minhoca é minha” e outras frases de efeito com a minhoca embutida. Já estava ficando esquisito. O único que se preparou para esta maluquice foi o Merino, que já conhecia as malícias da minhocagem e compareceu na jogatina com um cinto de castidade devidamente instalado. A vitória suada foi do André Boné que assumiu ser expert em minhoca alheia numa entrevista exclusiva após a sacanagem... quero dizer... após o jogo.

Esse Pickomino é muito doido, mas também é engraçado e rende algumas risadas. Vale como distração antes dos jogos mais sérios.

Deixamos a galinhagem de lado e partimos para o Citadels. Ou melhor, Cidadelas, já que está em estudo uma medida provisória que proíbe a utilização de termos em inglês em qualquer partida de jogo de tabuleiro em território nacional.

Começa a partida com os seguintes jogadores: Major Bouzada, Zé Colméia, Cacá, Fel Sugestivo, Merino Pancador, Amiúne (estranho não?) e Cadu. Para começar o Cacá é o assassino (isso a gente já esperava) e ele resolve matar o Mercador que era o Cadu (por essa o Cadu não esperava)... Diz a lenda das jogadas obrigatórias que no Citadels é o Mercador o cubra safado marcado para morrer no primeiro turno. Cadu não sabia desta “regra” pois em sua infância, na hora de dormir, a mamãe só lia o manual do banco imobiliário... vida ruim...

Na segunda rodada Cadu ficou bem longe do Mercador e se transformou no assassino. Se ele soubesse que o Cacá era o ladrão não o teria assassinado. Afinal fazer este tipo de coisa com palestino é pior que mastigar chumbinho. Amiúne (exótico não acham?) só queria saber de pegar o Rei e toda hora estava sendo roubado, assassinado, enfeitiçado etc.
Para se proteger da Guerra Santa prometida pelo Cacá, a turma tava construindo prédio que não podia ser destruído e usando o bispo a rodo. Merino, tentando dissimular, disse que tinha muito texto na carta dele (mágico) e que estava difícil saber que jonça o Mister M fazia. Bouzada não sabia se marcava o Zé Colméia ou o Cadu. Enquanto isso o Shamou, pensando nos suculentos sabores da caninha da roça, solta a seguinte pérola:

- Este jogo ainda está no fim?

Muitos jogadores experientes que estavam no local tentaram entender qual seria o significado desta pergunta. Depois de muito confabular e queimar neurônios chegou-se a conclusão que se o jogo ainda está no fim pode ser que já esteja no começo o que não leva a lugar nenhum...

Desistimos de entender a filosofia Shamouniana e partimos para a fazenda Agrícola com o objetivo de espairecer um pouco. Mais uma vez plantamos, colhemos, desenvolvemos, e perdemos para o Fel Sugestivo Palhacento Dissimulado Mosca Falecida (tá cada vez maior o nome desse menino...). A partida foi bastante disputada com o Franklin ficando apenas dois pontos atrás do Fel e ao final com todos ainda achando o jogo muito bom.

Entre uma partida e outra surgiu no Calabouço o gato Quântico do Antônio Marcelo. O bichano se mostrou treinado nas forças-especiais e entrou pela janela. Duvido o Shamou fazer isso!

Em outras mesas tínhamos Tikal, In the Year of the Dragon e Carcassone. Ainda rolou uma partida de Kingsburg, vencida pelo Zé Colméia, onde os Orcs fizeram um estrago danado detonando as construções do Cacá, do Fel e do Cadu. Vida muito ruim...

Ingressos já esgotados para o Arkham Horror do Calabouço da próxima semana. Agora só com os cambistas. Até lá a gente vai colocando lajotas, alocando trabalhadores, jogando lixos-americanos e rasgando os dicionários de inglês... Viva Zapata!!! Viva la Revolución!!!

[]s,

Cadu.

E O MOSCA MORTA ATACA NOVAMENTE...

Cheguei por volta de 19h40 na Caverna das Peças, onde todos os participantes já estavam no local. Antônio Marcelo e Baiano aprendiam
Caylus com André Felipe. Mal podiam esperar pelos planos maléficos do cínico "Mosca Morta Dissimulada", identidade quase não-secreta de André, que já espalhava que não conseguia explicar direito, pois só jogara umas 2 partidas. Conseqüentemente, seria um mero espectador na partida! Mas não foi bem isso o que aconteceu...

CAYLUS - O JOGO

No Caylus, você tenta desenvolver uma cidade próxima à construção do castelo do Rei. Seus trabalhadores coletam recursos que podem ajudar tanto no castelo quanto em outras construções que dão pontos de vitória. Há uma diversidade incrível de opções estratégicas e cada partida se torna diferente, uma vez que cada jogador é responsável pelo desenvolvimento e colocação dos benefícios no tabuleiro. Decisões difíceis acontecem o tempo inteiro, pois muitos benefícios só são conseguidos através de construções dos adversários, que ganham pontos de vitória caso alguém os utilize. Além disso, equilibrar grana e pontos de vitória também não é tarefa fácil. E ainda tem dois cubras (provost e bailiff) que podem ser realocados, interferindo a ativação de construções e acelerando ou não o andamento da partida. Sem dúvida, um dos jogos mais estratégicos que existem, que conquista sobretudo o público mais gamer.

CAYLUS - A PARTIDA

Eu comecei optando pelo caminho do dinheiro no favor real. Investi mais no castelo, ganhando muitos pontos de vitória por casa e favores reais.
Antônio Marcelo resolveu construir tiles que foram procurados por todo o jogo, o que gerou muitos pontos para ele. Baiano ficava juntando
grana e sempre passando a vez antes dos outros, fazendo com que ficasse mais caro a colocação de trabalhadores pelos jogadores. Ele ainda decidiu encarnar o Victor Zavandor, correndo atrás de pontos de vitória desde o começo do jogo. Quanto ao Fel, decidiu juntar muito dinheiro e pouco ponto de vitória, o que foi suficiente para sua identidade quase não-secreta aparecer: Não tenho mais chances de vitória, estou em último! E isso no começo do jogo! Aos poucos, foi construindo residências, aumentando sua cota de dinheiro por turno e comprando ouro
e outros recursos para então surpreender mais uma vez, com sua arma ultra-mortífera! Comprou o castelo que dá 25 pontos de vitória e ficou a apenas 1 ponto de diferença para mim, que era o "que liderava para uma vitória certa", segundo o próprio. Fiz uma construção que trocava tecidos por pontos de vitória. O Mosca-Morta, muito sorridente e já com seu tradicional "agora acho que tenho chances", coloca seu trabalhador nessa construção, lamentando: "Estou dando ponto para o Warny!", expressão que se repetiria várias vezes. No final, qual não foi sua surpresa ao notar que a troca permitida pela construção não era dois recursos quaisquer por pontos. O erro fez com que perdesse os pontos necessários para a vitória, segundo ele. E ainda falou que eu fui o responsável por ter explicado errado o benefício! E depois sou eu que reclamo!!!
No final, fiz 75 pontos contra 70 do Fel. Antônio Marcelo com pouco mais de 50, ficou em terceiro, com o Baiano em quarto. O que importa é que todos gostaram da partida, que imortalizou o Caylus como jogo-mascote do Triunvirato das Peças. Afinal o jogo tem Castelo, Calabouço e Torre!

AGRICOLA - O GOLPE FINAL!

Fomos para uma partida de Agricola. Foi a primeira vez que joguei com 4 jogadores. A partida foi travada no final, até pela escassez de madeira e disposição das ações ao longo dos turnos. Eu baixei a carta "Axe" logo no início (que me possibilitava construir quarto de madeira por 2 de madeira e 2 de junco) e comecei a juntar esse material. Tentei me estabilizar na comida, baixando um Minor que, toda vez que eu pegava um grão, me dava um adicional, além de comprar o forno mais valioso que assava até 2 grãos por 4 de comida. Mas não consegui plantar e assar, pois o Baiano estava com essa estratégia, fazendo vários fields e grãos todo turno. Antônio Marcelo era o rei da Minor Improvement e Ocupation. E dessa vez se preocupou em fazer o terceiro membro da família mais cedo que todos. Fel Mosca Morta continuou suas lamentações, ainda mais quando eu fiz 2 quartos de madeira e 4 estábulos na mesma ação. "Ele vai ganhar!". Não se falou nada quando ele construiu vários pastos, pegou 5 ovelhas de uma vez só, criou gado muito cedo, plantou grãos e vegetais, além de ser o único em boa parte do jogo que tinha cinco ações por turno. Sem falar que pelo fato de que o "Starting Player" ficou quase todo o jogo comigo ou com o Antônio Marcelo, ele quase nunca era o último a jogar. Eu estava com uma boa vantagem, mas tive que gastar grão pra alimentar a família, já que não conseguia plantar. Enquanto isso, Fel se desenvolvia a passos largos, dando o golpe final que havia faltado no Caylus. Resultado: Fel com 55 pontos (recorde!), Warny com 38, Antônio Marcelo com 29 e Baiano com 22. E a Mosca Morta atacou novamente...

Personagens:

André "Mosca Morta Dissimulada" Felipe - Também conhecido como Fel, o Mosca Morta costuma se lamentar o jogo todo, apostar que vai chegar em último, e na última rodada dizer "acho que tenho alguma chance" pra fazer o recorde absoluto de pontos dos jogos. Outra arma do ser tirânico é atacar os outros com palavras inglesas incompreensíveis.

Warny Marçano - Por mais que uma jogada seja favorável, esse que vos fala tem que reclamar sempre. A não ser quando chega o final da partida, na hora em que os pontos são contados e devidamente anotados!

Antônio Marcelo - Dono da Caverna das Peças e dos sete (ou seriam oito? ou nove?) gatos que habitam o local lúdico. Mas ultimamente o Mosca Morta tem dominado o lugar, agricolamente falando.

Baiano - O contador de histórias das jogatinas! Sua próxima meta é fazer o deck T do Agrícola com cartas em homenagem a Tolkien e ao Senhor dos Anéis.

Victor Zavandor - O mestre de vários jogos, o Maratonista das Galáxias ainda estava em overdose de Agricola. Mas sua obsessão por pontos de vitória logo no começo foi bem representada pelo Baiano no Caylus.


Warny Marçano

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Session Report: 26/10/2008

Antes de iniciar o session report, quero deixar claro a indignação geral do público com mais uma furada do Warny. Alegando que haveria um rodízio de vegetais cozidos e com formatos fálicos em um restaurante novo que inaugurou cujo público-alvo prefiro não comentar. Isso fez com que a jogatina acabasse ficando com 3 jogadores mesmo: Eu, Bouzada e Wykthor. Depois de muito confabular entre Doom/Scepter of Zavandor/Wealth of Nations como jogo de abertura, acabamos optando pelo Wealth of Nations.


O Wealth of Nations é um jogo totalmente econômico que , segundo o Bouzada, é educativo e excelente para alunos de economia. Eu considero ele um Gamer's Game, com muitas decisões e muito controle de recursos, basicamente você pode não ter mais chances de ganhar, caso não consiga abastecer suas indústrias. Basicamente, você tem acesso à vários tipos de recurso: Comida, energia, capital, dinheiro, Minérios e força de trabalho. Todos eles ficam dispostos em mercados com valores flutuantes, no estilo do Power Grid, abaixo a foto do bgg com o setup pronto:


Nós construímos tiles de indústria que levam a produção desses bens. Como é bem difícil produzir todos os bens, o jogo meio que rola num esquema muito interessante de oferta e demanda. E do mesmo jeito que no power grid, os bens vão ficando mais caros ou mais baratos. Para agilizar o jogo, eles colocam o "preço sugerido" de negociação que seria uma média entre o preço de compra e o de venda. No "setup", para 3 jogadores, cada jogador começa com dois pacotes de indústria e dois de commodities. São três fases basicamente: Trade (compra/venda/negociação de commodities), Develop (construção de indústrias/expansão do seu território) e Produção. A produção é um fator complicado, inclusive levando à carência de recursos. Você tem que pagar um de comida para cada tile de indústria (não-alimentícia) e uma energia para cada tipo de indústria que você tem, caso contrário não rola produção e você toma uma prejuízo muito grande.

A partida foi muito boa. Basicamente rolou um monopólio meu da força de trabalho, o Bouzada era o latifundário, produzia comida à rodo e o Wykthor , jogando muito bem, conseguiu monopolizar o Ore e a Energia, inclusive negando o mesmo para mim e o Bouzada. Isso foi muito cruel, pois acabou que ele conseguiu fazer os bancos primeiro, garantindo 90 e posteriormente 180 de grana, direto. Com o monopólio de alguns recursos, eu optei pela variedade para fazer frente ao Wykthor. Fiz indústria de energia e de minérios, os dois monopólios que ele tinha. Como o Bouzada tava fazendo o Capital à preços camaradas, abastecendo o mercado, fiquei tranquilo. Mais para o final, eu ainda tinha 4 notas promissórias (algo como a carta de mendigo do Agricola, -3 pontos no final do jogo) e o Bouzada também. O Wykthor era o banqueiro, fazendo montanhas de grana toda rodada e sem promissórias. Vendo a lavada que ia ser, optei, para surpresa de ambos, pelo final do jogo, observando uma possível vantagem que eu tinha (cada tile de indústria dava 4 pontos, eu tinha dois commodities que estavam com o preço muito alto, energia e ore). O Bouzada tinha um pouco menos de tiles que eu e um pouco menos de recursos e o Wykthor, apesar de muito mais grana, fez uma indústria bem menor, com 6 tiles a menos. Resultado, depois da contagem, acabei vencendo, com uma pequena margem para o Wykthor. 85 a 77 e o Bouzada, logo atrás com 74 pontos.

*Wealth of Nations é um jogo demorado, FEIO de doer, com péssimos componentes mas a mecânica é maravilhosa. O Bouzada acredita que a rejogabilidade não é muito grande, mas não tenho certeza. Ele definitivamente funciona melhor para 3 ou 6 jogadores por que existem 6 packs de industry tiles no setup e cada um ficar com a mesma quantidade equilibra bastante a partida. Não é um jogo leve e é preciso atenção o tempo todo, principalmente para abastecer suas indústrias e manter sua produção. Nós jogamos com uma pequena variação nas notas promissórias que realmente enfraquece bastante o jogo na sua forma original. Se você gosta de jogos econômicos, não liga muito para os componentes e tem tempo sobrando, o jogo é uma ótima pedida. E como a Tablestar Games faliu, pode ter certeza que ele, muito em breve, vai virar um "Holy Grail", então, pegue-o o quanto antes!

Terminada a partida, optamos por algo mais light, mais precisamente, um medium-light, o Metropolys, patrocínio do Kildare que emprestou o jogo para eu aprender e ensiná-lo, posteriormente na Torre das Peças. O jogo é da Ystari games e do mesmo autor do Yspahan. Segundo ele, nos créditos, rolou uma inspiração no Goa mas o Bouzada, que tem o jogo, disse não ter muito a ver. A primeira coisa que nota-se, é a beleza dos componentes e principalmente do belíssimo tabuleiro:


De qualquer forma é basicamente um jogo de controle de área com leilão. Cada jogador possui 13 prédios, numerados de 1 a 13 e com valor triplo, servem como bid, para determinar maioridade nos distritos do jogo e critérios de desempate de acordo com a altura dos mesmos. Como tínhamos dois heavy gamers na mesa (Bouzada e Wykthor), decidimos jogar a versão expert. As regras são extremamente simples. Você coloca um prédio à sua escolha em qualquer lugar disponível no tabuleiro. O próximo jogador pode colocar um prédio de valor maior em um espaço adjacente e ortogonal ou passar. Caso ele opte pelo outbid, o próximo jogador usa as mesmas regras mas para o prédio que ele está superando, não pelo original! Isso acaba levando a várias jogadas muito interessantes que podem ser feitas e , logicamente, a antecipação dos movimentos do seu oponente. Existem alguns bônus mas com certeza o grande diferencial são as duas cartas de "objetivo" que você recebe no começo do jogo. São 5 tipos de vizinhança e 5 cartas representando as mesmas. Cada jogador começa com uma carta, recebida aleatoriamente no começo do jogo. Se você conseguir alocar seus prédios na vizinhança respectiva, você garante dois pontos extras no final do jogo. E a outra carta, de objetivo, te dá de 4 a 7 pontos (dependendo do nível de complexidade da execução) no final do jogo. O mesmo termina quando alguém alocar os 13 prédios.


O Wykthor começou rushando pelos vps, como de praxe nos jogos. Eu e Bouzada fomos mais comedidos, pensando naquela história de "ficar sem gás" ao longo do jogo. No entanto, o objetivo secreto do Wykthor era alocar prédios espalhados pelos diferentes distritos o que acabou garantindo 16 pontos a ele no final do jogo. Eu consegui construir em vários parques, garanti o controle de algumas regiões mas quando acionei o final do jogo, construindo meu último prédio, o fiz sacrificando 3 pontos, acreditando numa possível vantagem que eu tinha. Ledo engano, Wykthor tinha feito 35 e eu com 32 fiquei a ver navios. O Bouzada tinha pego uma carta de objetivo bem difícil e acabou ficando em último, com 22 pontos. Foi uma partida muito boa e eu fiquei refletindo bastante tempo, depois, em função do erro cometido no final do jogo.

* Regras extremamente simples (o manual tem 4 páginas), jogo de basicamente uma hora, belíssimos componentes, preço acessível, ótima compra do Kildare e que adicionei à minha Wishlist. A mecânica é uma só, colocar prédios e ainda tem uma versão "Family Game" ainda mais acessível para os não-gamers. Se você gosta de controle de área e jogos de leilão simples, é uma ótima pedida.

Para terminar a noite, todo mundo tinha que ganhar um jogo e eu e Wykthor concordamos, antes de começar o Nefertiti que deixaríamos o Bouzada vencer. Afinal, um pro gamer com 2 últimos lugares era algo muito incomum , ainda mais com um casual gamer como eu, sentado à mesa. Nefertiti , do mesmo jeito que o Metropolys, é um medium-light game com inovadoras mecânicas de leilão e set collection. Há um quê de "worker placement" também. Em linhas gerais, nós podemos contratar uns aliados com poderes especiais e depois alocar cubras em um dos mercados do jogo até que um mercado se feche. É nessa parte que entra o set collection. Aquele que deu o maior lance, pode comprar um ou dois presentes para Nefertiti e o dinheiro vai para o mercado. Os jogadores subsequentes tem opção de pegar metade do dinheiro disponível ou comprar um presente pelo valor total na reserva. Isso acontece até todos os cubras serem removidos. No final do jogo, conta-se pontos por "originalidade" dos presentes ou seja, quanto mais jogadores tiverem o presente, menor serão os pontos no final do jogo. E isso tornou o jogo muito interessante. Apesar de ser bem leve, com duração de pouco mais de uma hora, há uma quantidade bastante considerável de tomada de decisões e sujeito a um pouco de bouzagem também.

O Wykthor, como de praxe, fez uma jogada de + de 50 pontos no começo do jogo, o que acabou tirando um pouco o fôlego dele. Eu que (realmente) joguei mal, não soube dosar bem a boa vantagem de grana que obtive no começo do jogo e super valorizei os "contratáveis" em detrimentos dos presentes. Resultado, acabei bem atrás no placar enquanto Wykthor e Bouzada fizeram uma partida bem equilibrada. No final das contas, vitória do Bouzada, como combinado previamente: 115 a 108. Eu, lá atrás com 82 pontos.

*O Nefertiti é um lindo jogo, com o tabuleiro e os componentes muito bem produzidos. O dinheiro é limitado ao que os jogadores começam +4 moedas, então sempre haverá exatamente 33 moedas no jogo. Isso é um fator bem interessante em termos estratégicos. Saber a hora de pontuar, atacar os inimigos e posicionar os meeples são decisões bem difíceis e interessantes. Como o final do jogo é disparado quando um pequeno deck de presentes é esgotado, o jogo não tende a se alongar por muito mais de uma hora. É aquele esquema dos mid-light games, não demorar muito, ter várias decisões e ao mesmo tempo ser divertido. O Nefertiti cumpre todos esses quesitos e não me arrependo de ter "apostado" comprando ele.


Apesar da resistência à partidas com 3 jogadores, foi uma ótima tarde com 3 jogos muito bem jogados e muito bons. E eu, como de praxe, fiz a escadinha. 1º, 2º e 3º lugar respectivamente :).

Glossário:

Bouzagem: Analysis Paralysis. O Bouzada, cunhou o termo, depois de refletir 10/15 minutos antes de cada jogada sua, fazendo uma varredura de todas as suas opções nos próximos três turnos.

Cubra: Genérico para qualquer coisa com semelhança à um homem no tabuleiro. Pode ser tripulante do Galaxy Trucker, workers em geral, peão, família do Agricola, exército....

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Roleta Russa no Citadels

Ontem foi um dia atípico. Obina orquestrou o time do Flamengo para uma acachapante vitória de 5x0, O Calabouço ficou vazio e o Carlão perdeu no Kingsburg...


Era aniversário do Arthur, então quando eu cheguei lá, estava um som ligado, luzes apagadas e nada de jogo. Fiquei conversando com o seu Salvador, grande conhecedor das coisas do mundo até aparecer o Carlão. Pouco depois eles sairam para comemorar o niver e ficamos eu e Carlão. Íamos começar um Gheos quando o deputado Camilo Sujeira, na eminência do 2o turno, foi lá fazer boca de urna.

Decidimos jogar Kingsburg para aprender algo novo com Carlão-Kingsburg, a lenda viva do jogo. Sua maneira de jogar é bem peculiar, não importa o que ele precise para construir prédios, ele vai olhar para os seus dados e cortar uma das suas opções! Muito agressivo, de fato. Eu, com três jogadores, acabei optando por fazer um jogo mais conservador, afinal estava com duas lendas à mesa. O Carlão e o Camilo apostaram na Farm e contaram com o dado branco até o 4º ano. No 5º uma situação curiosa, o Camilo estava atrás nos pontos e precisava construir a Church (7 vps e +1 contra demons) para ter chances de vencer. Era arriscado mas o jogo é de risk management. Ele só perdia se rolasse 1 ou 2 no dado branco. Carlão joga e.... 1! Acabou que os dois perderam 9 pontos na última rodada e eu ganhei 2. Fui a 50 e eles caíram para 30 e uns quebrados.. O Camilo acabou uns bons 6 pontos à frente do Carlão e a lenda caiu. Eu gosto de jogar com a variante das cartas por isso, um jogo disputado acabou sendo decidido no dado branco. Com a variante oficial, já anunciada para a expansão , você começa com 7 cartas, de valores 0,0, 1, 1 , 2, 3 e 4. E essa é a ajuda que você vai ter. Mais determinístico e mais gamer. Para quem gosta da emoção e da alegria de "torcer" pelo dado, o jogo como está , é ótimo.


Acabado o Kingsburg, chegou o Cacá, com camisa do Flamengo e a torcida organizada cujo lema é "Flamengo é Afeganistão", composta basicamente por muçulmanos com tendências terroristas. Fizemos uma learning session de Notre Dame para o Camilo, com a ida do Carlos ao podrão da esquina para refletir sobre o porquê de ter sido derrotado em um dos jogos que ele é considerado especialista (junto com Power Grid e Khronos que inclusive lhe renderam o busto exibido no Calabouço em vossa homenagem pelas vitórias lendárias nos jogos). O Notre Dame, apesar da galera achar meia boca, é um jogo que eu gosto muito. Há bastante planejamento prévio , em função das cartas e conseguir pontuar no "big scoring" como é o caso das cartas que dão 2 pontos por província com 2 cubos e 3 pontos por província com 3 cubos pode fazer muita diferença. O Camilo, adotou uma estratégia publicada por Wykthor Zavandor em seu livro "como fazer pontos de vitória desde o início em um eurogame e ainda assim ganhar", no entanto, no Notre Dame, a praga, os cubos e a grana não perdoam. É vida ruim mesmo. Ele acabou pontuando muito no começo do jogo, subornando todo mundo mas sua influência acabou (os cubinhos esgotaram) , a praga chegou e rolou um desmanche no partido político. Resultado, acabei ganhando, mesmo com o Cacá passeando com a carruagem-bomba pela minha vizinhança e explodindo a rataria pelos ares sempre que se atreviam a chegar perto dele. Placar final 71 pra mim , 62 para o Cacá e 46 para o Camilo.

E finalmente , o jogo que foi o grande barato da noite: Citadels Roleta Russa, versão Calabouço das Peças. Primeira rodada, Carlos com o rei, pega o asssassino. Antes do jogo, rolou uma discussão que matar o mercador no começo do jogo é a melhor jogada, pois é o que mais se beneficia logo de cara e afins. Acreditando que o Carlos seguiria a cartilha, dispensei o Mercador em prol do Bispo (tinha uma carta azul na mão). Qual não foi minha surpresa quando o Carlos, revelou o assassino e de forma quase mediúnica, soltou em alto e bom som: Mato o Bispo! Para gargalhadas estridentes do Deputado Camilo Sujeira. Segunda rodada, Carlos com o assassino de novo, "Carlão, escolhe um para matar". E ele, sem prédio algum, manda: "Warlord!" Preciso dizer quem tinha o Warlord na mão? Pois é.. vida ruim. Depois dessa chacina. Ainda tomei um Thief, um Warlord pq "era de graça", tudo cortesia de "Carlão tacando o terror". E acabou que o fator randômico deu uma dinâmica diferente ao jogo. Quem será que o Carlão vai assassinar, no melhor estilo "Quem matou Odete Roitman?". No meio do jogo, vendo a possibilidade de me recuperar, Camilo manda um "Carlão, escolhe um número de 2 a 8 pra assassinar". E, em cheio, ele soltou um "5". E , obviamente, fui assassinado de novo. E no meio do fogo cruzado, Cacá que já está acostumado a sobrevivência em ambientes de alta periculosidade , fogo cruzado, pilhagens, assassinato de padres, arquitetos e tudo que a roleta russa puder mirar, conseguiu uma vitória tranquila. Arthur que estava no esquema come-quieto ainda acabou em segundo, Camilo em 3o e eu, mesmo com a cidade espoliada, destruída e sem jogar por metade das rodadas, ainda fiz honrosos 25 pontos ficando a frente do meu algoz, o Carlão, com 19.


Semana que vem, tem Calabouço de novo, apareçam ;)

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Agrícola Apresenta: Episódio Grajaú - Quadradas são as suas vacas...

Era uma quarta-feira entediada quando o André Felipe, a Mosca Morta Dissimulada e Palhacenta (o palhacenta é de autoria do Cacá), propôs o seguinte:

- “Vamos jogar Agrícola na casa do Antônio Marcelo?”.

Shamou, Warny e Cadu não pensaram duas vezes e seguiram viagem para o local da peleja. O Fel marcou um encontro com o Cacá no Metrô (eu sabia!!!), para negociar a libertação do Agrícola. O Shamou seguiu direto para a “Antônio Caverna” mas se perdeu, como de costume, e foi parar mais uma vez na Floresta da Tijuca onde ficou jogando sueca com os guardas-florestais.

Cadu e Warny aguardavam o Fel chegar com o Agrícola para então seguir viagem. E o Antônio Marcelo, já ficando impaciente, aguardava esse bando de atrasados chegar dando Whiskas do Paraguai para os seis gatos de estimação que circulam pelo seu apartamento.

Como o Shamou ainda estava perdido em algum lugar do RJ começamos uma partida de Starfares Catan, um Catan diferente com naves espaciais, planetas, alienígenas, wormholes, piratas espaciais etc.

Warny reclamou de tudo: da sorte dele nos dados, da sorte do Fel, de não sair nos reports do Cadu, dos alienígenas toscos, de ter feito trade quando era pra ter feito colony, dos javalis do mato, das vacas quadradas, da madeira que parece barro e do barro que parece madeira (nem tinha começado o Agrícola ainda), da crise financeira, do Bush etc... Foi tanta reclamação que botou a lista BG-BR no chinelo. Cadu colonizou um planeta que só tinha bicho-preguiça e não produziu nada o jogo inteiro. Antônio Marcelo, negociador veterano, comandava as trocas de trigo espacial por carvão atômico e carbono climatizado. Já o Fel Mosca Morta Palhacenta, que aprendeu com o Deputado Camilo Sujeira a subornar todo o tipo de espécies vivas existentes, subornou todos os mercadores e piratas espaciais e venceu o jogo com dois jump-drives fazendo colônias bem perto da raça alieníegena mais cobiçada do universo.

Finalmente o Shamou chegou, com lindas histórias florestais para contar, fantasiado de cabra-montesa-gigante para jogar o Agrícola. Preparamos tudo e fizemos um pacto para que nada acontecesse ao jogo do Cacá, para não despertar o lado muçulmano dele.

O Fel já começou construindo 3 comôdos de uma só vez em sua fazenda (sinistro!!!). Mas para os gastos com esta empreitada ficou sem comida suficiente e dois de seus parentes viraram mendigos. De um modo geral todos estavam jogando mais tranqüilos porque não haveriam bovinos-bomba para intimidar os plantadores de pepino-selvagem, já que o Cacá estava sob o controle da Patroa, único ser que ele tem medo no universo.

O Antônio Marcelo e o Shamou estavam meio sem saber o que fazer, o que é normal para quem joga a primeira vez. O Shamou só queria saber de pescaria, e aí a fazenda não foi pra frente. E depois que o Shamou mergulhou no lago, o que me lembrou uma cena do filme “Impacto Profundo”, não sobrou um peixe vivo sequer por lá. O garoto propaganda do Camilo terminou com 10 pontos, menino bom...

O Antônio Marcelo não sabe criar outro bicho que não seja gato, daí a dificuldade em lidar com ovelhas, javalis e vacas. Não querendo fazer feio ele conseguiu terminar na frente do Shamou (hummm?) com 16 pontos.

O Warny tentava de tudo um pouco: ovelhas desnutridas, vacas magras e javalis sem fé nenhuma na ração. O sujeito, que se diz vegetariano, não plantou uma beterraba sequer e ficou em terceiro com 32 pontos...

Cadu sofria muito com as jogadas do Shamou, expert em jogadas Shamou (parece redundância, mas não é). Sua cozinha tinha a modernidade de um fogão a lenha e os animais fizeram greve de sexo e não se reproduziam. As plantações foram bem graças a um improvement do arado que permitia colocar 3 fields de uma vez só. Só que o raio do improvement era caro para cac#$#$ e custou muitos recursos preciosos. Cadu ficou em segundo com 35 pontos.

A Mosca Morta Palhacenta do Fel tinha uma carta Pokemón que chamava um grupo de extermínio de mendigos que eliminou os pedintes salvando os pontos que seriam perdidos. Até o momento ele estava chorando lágrimas de iguana-marinho dizendo que não venceria por causa da mendicância. Ele venceu fácil com uma margem de pontos bastante alta, 51 se não me engano. Shamou aproveitou para encher a cara... foi fazer ele lembrar de cachaça...

Hora de voltar para casa... ou melhor... hora de se arrastar para casa com o objetivo de aproveitar as poucas horas que restaram para dormir. O pior é ficar sonhando com ovelhas, javalis e vacas quadradas...

[]s,

Cadu.

sábado, 18 de outubro de 2008

Premier em Ipanema

Depois de uma semana conturbada, com problemas estomacais, renais, transpiração excessiva e suspeitas de ataque cardíaco, Wykthor Zavandor conseguiu, finalmente, pegar os jogos que ele encomendou. E como já estava combinado desde Agosto, com cronograma e tudo , uma jogatina para estrear o Agricola do mesmo, fomos convidados (e muito bem-recebidos) para jogar na casa do Luciano.
O Wykthor começou sua explicação contando como era a vida dos fazendeios no século 18 e as peculiaridades das ovelhas na época que eram símbolo sexual e iniciam os pobres filhos de agricultor na vida adulta. Um pouco depois, o Bouzada chegou e assumiu os outros 45 minutos de explicação. Eu cheguei depois de uma cruzada santa contra o trânsito no centro da cidade na 6a à noite.
Jogamos com um misto de deck Z e I. Eu, ate então, só tinha jogado com o E. Logo no começo da partida, suspeitamos de uma "diferença" no tabuleiro para 5 jogadores, pois havia um espaço a menos para occupation e improvement. No final do jogo, percebemos que , na verdade, jogamos o tabuleiro family game, com cartas. E como o Bouzada e o Wykthor, co-autores do livro "Como criar uma fazenda no século XVIII e vencer no Agricola para 5 jogadores com qualquer deck" não tinham previsto isso, acabaram ficando um pouco para trás no final da partida.
O Starting player (vulgo piru de japonês pois, segundo o Warny, é amarelo e pequeno) foi sorteado e ficou com o Bouzada que pegou 4 woods (página 4 do livro, "Qual o opening move ideal?"). O Warny, logo no começo do jogo, baixou uma occupation que custava só um wood e dava a ele uma espécie de "mala da família". O mala pode fazer uma ação depois que o último jogador tiver jogado sua última ação. Muito roubado. O Bouzada, como em todo eurogame, começou devagar quase parando pra dar o pulo do gato no final do jogo. O Wykthor estava muito bem, com cabana de clay , 5 cubras e muitos grãos/vegetais. O Warny, contrariando sua fama de vegetariano, membro do Green Peace e natureba maior, apelou para as vacas, porcos e javalis. Eu , entrei no esquema "Vida de gado" e fiz uma cacetada de javali e ovelha, no final, ainda rolaram umas vaquinhas. Felizmente, um pouco antes da galera começar a corrida pelas vacas. O Luciano tava com uma fazenda hi-tech, cheia de minors e occupations com vários malabarismos, casa de pedra e os 5 cubras.
Eu optei por uma família mais moderna, com apenas um filho e pró-controle de natalidade. O Warny adotou o mesmo caminho já que tinha um mala na família e não quis saber do segundo filho. No finalzinho do jogo, eu peguei o starting player pra garantir a vinda do meu cunhado. O jogo acabou e eu, contrariando minhas próprias expectativas e para surpresa geral, ganhei, com uma pequena margem de diferença. 43 a 37 para Wykthor e Bouzada. Logo atrás o Warny com 36 e o Luciano com 34. Foi um jogo muito bom, bem disputado e com os novatos no jogo fazendo bonito (é normal a pontuação do primeiro jogo ficar na casa dos 15, 20...)
Depois, jogamos o divertido Hollywood Blockbuster. Com direito a "picudos da direção" (muito cobiçados pelo Bouzada) , Brad Pitfall, Demi Less e Muscle Crowe. Um jogo de leilão, do Knizia (mais um) mas com um sistema muito interessante de set collection , bem temático até. Você tem que fazer filmes, rola premiação para melhor filme no final do jogo e um aclamado prêmio framboesa para o Wykthor no final do jogo, mesmo Junk Fiction tendo ficado por muito tempo como o pior filme lançado. No meio do jogo, Bouzada lançou o dedo podre (André ganhou de longe, o jogo tá definido). Enquanto isso, Wykthor Pro-Player de Rá, ficou na dele, só pegando coisas lixosas para o seu projeto megalomaníaco framboesa.
No final das contas, o meu drama Good Thrill Hunting ganhou o melhor filme de drama graças a uma explosão atômica de última geração, A comédia pastelão "Dumb and Stupidier" do Warny ficou durante muito tempo como melhor comédia mas o Bouzada, no final, como de praxe, roubou a cena. O Wykthor graças ao Kingmaking do Warny ganhou o melhor prêmio framboesa e superou Junk Fiction como melhor filme de aventura. Resultado, Wykthor 76 eu e Warny (olhando critério de desempate achando que tinhamos empatado em primeiro) 68 , Bouzada 65 e Luciano 42.
Uma boa jogatina que contou ainda com o patrocínio dos cigarrinhos de palha "Agricola" do século XVIII fumados metaforicamente pelo Wykthor após o orgasmo lúdico de ter jogado o seu próprio Agricola pela primeira vez expressando sempre a sua satisfação quase erótica em ter jogado. E o Warny, teve que dar o braço a torcer que o Agricola é muito bom e já está em 4º lugar (com potencial para 1º). Para mim, depois desse "bicampeonato", sagrou-se definitivamente como 1º lugar, já que eu, a exemplo do Cadu e Cacá, sou da filosofia "Mr. Only fun when I am winning".

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Heresia é não jogar Agrícola

Em nosso mundo lúdico eu sei muito bem o que fazem com os hereges. Geralmente eles são torturados pelos componentes mais radicais da patota afegã liderada pelo Cacá. Depois da sessão de tortura o Arthur os faz beber todo tipo de líquido colorido que ele diz ser os refrescos e refrigerantes do Calabouço. Se o sujeito ainda estiver vivo ele será obrigado a participar de uma mesa com o Americano (que estará completamente bêbado), com o pífio e ardiloso Vitor contando a mesma piada do dragão o tempo todo e com o impiedoso estrategista Carlos Merino (lenda viva do Power Grid e do Kronos).

Será que vou ser considerado um herege ao afirmar que o Agrícola é o melhor jogo de todos os tempos e que o Puerto Rico não está com esta bola toda? Bom, fato é que o Agrícola é um jogo excepcional, com uma rejogabilidade fora do comum e com um desafio diferente a cada partida que o torna um jogo único e especial para ser jogado sempre.

Como todo gamer precavido tratei de ligar para o André Felipe e reservar o meu ingresso para a mesa de Agrícola. Eu não queria deixar para comprar com os cambistas da Al-Qaeda que o Cacá contratou para “servir” os incautos jogadores de última hora.
Fazia um certo tempo que eu não aparecia no Calabouço e quando cheguei, para meu alívio, percebi que ele continua o mesmo. Estavam lá a pilha de jogos com algumas novidades, as três tradicionais mesas para as pelejas, na parede a foto do Shamou vestido de baiana e o busto do Carlos Merino em homenagem às já mencionadas, e sensacionais, vitórias no Power Grid e Kronos.

Mas como o que interessa é jogar, começamos a preparar a partida de Agrícola logo depois que o Cacá conferiu a autenticidade dos ingressos (havia um rumor que o Shamou estava falsificando os bilhetes a mando do Deputado Camilo Sujeira de quem é cabo eleitoral desde a meninice).
A mesa estava composta dos seguintes plantadores de beringela: Cacá, Cadu, André Amiúne (esquisito, é assim mesmo?), Roger Moore e André Felipe.
Depois que o André explicou o jogo para o Roger Moore começamos a tão esperada partida. Logo no início o Cacá já foi fazendo das suas, tentando intimidar a todos comprando um bovino-bomba de estimação para colocar dentro de sua casa na fazenda. André Amiúne (estranho não?) comprou um forno de barro para assar batata-doce e javali do mato. Roger Moore estava meio perdido e foi aceitando as dicas sujas do latifundiário André Felipe. Enquanto isso o Americano gritava do outro lado – “Compra Jagunço, compra jagunço e escopeta”.

Como nas fazendas do interior do Camboja não tem internet nem televisão, os jogadores começaram a crescer suas casas para comportar os novos membros da família.

Para o Cacá cada membro da família era um verdadeiro pesadelo, pois os moleques não se contentavam com as tradicionais cabeças-de-nego e ficavam plantando C4 nos estábulos para se divertir mandando tudo pelos ares. Ao final do jogo seus campos de plantação ficaram vazios e foram utilizados como campos de concentração. Sua contagem de pontos foi 24 (eu sabia!) o que garantiu o último lugar para o nosso amigo palestino. Isso, é claro, resultou numa premiação para todos os funcionários da fazenda que receberam gratuitamente uma passagem só de ida para os Emirados Árabes Unidos.

Enquanto isso o André Mosca Morta dizia: “Cadu ganhou, não consegui desenvolver um bom jogo”.

O Roger Moore teve outros problemas. Como a família cresceu a necessidade por comida também aumentou. Para conseguir a mamadeira das crianças faltou só vender as calças. Conseguiu alguns pontos a mais que o Cacá o que já é um grande feito.

Enquanto isso o André Mosca Morta dizia: “Cadu ganhou, não fui bem”.

O André Amiúne (sinistro!!!) esqueceu que o jogo era de fazenda e deixou várias terras improdutivas que tiraram pontos preciosos no final. Ele totalizou 34 pontos depois que os fiscais do Ministério da Agricultura multaram toda a família.

Enquanto isso o André Mosca Morta dizia: “Cadu ganhou, meu jogo foi horrível”.

Cadu conseguiu resolver o problema da comida com um maluco-beleza que transformava junco em alimento (hummm?). Daí bastou um forno vagabundo (tal de Fireplace) para assar umas mandiocas que a prole estaria garantida. As plantações estavam bem diversificadas com vegetais e trigo, trigo e vegetais, vegetais e trigo, trigo e vegetais... Nada de pizza, lazanha, nem carnes (o rebanho contraiu febre aftosa depois de tomar o suco de groselha do Artur). Meu cachorro morreu na caçada a uma raposa numa tentativa desesperada de mudar o cardápio...

O André Felipe chorava como um réptil dizendo que os 42 pontos do Cadu tinham sido suficientes para a vitória. Mas para seu espanto, (só dele), ao contar os pontos ele “percebeu” que tinha 45 graças a um cubra-do-mato que dava uns pontinhos a mais no final. Bicho cínico e dissimulado do brejo...

Durante a partida de Agrícola o Americano jogava Carcassone Castle com o Felipe. Ele resolveu fazer umas house-rules para tornar o jogo mais interessante. Mudou o nome para “Carcassone Battle”, colocou uns soldadinhos de chumbo no lugar dos meeples e trocou o livro de regras pelo clássico “Arte da Guerra” de seu ídolo e mentor Sun Tzu. Não satisfeito trocou a faixa etária da caixa do jogo para “For American Players”.

Bouzada, que jogava Amun-Re com o Carlos Merino, o Zé Colméia (só tem figura neste Calabouço) e um sujeito não identificado ainda, estava ansioso por “socializar” as mesas. A verdade é que ele já não agüentava mais ser “pancado” pelo Carlos Merino que também conhece muito do Egito, de sarcófagos e do Escorpião Rei. O Bouzada não consegue aceitar isto.

Depois disso tudo, já eram umas 02:00 da manhã e eu e o André Felipe fomos jogar um BattleLore enquanto Bouzada, Cacá e Cia jogavam o Brass.

Do BattleLore eu não vou falar muito porque só o setup levou um tempão. Além disso contrataram o Zeca Pimenteira para abelhar o meu jogo.

- Bonito jogo, hein Cadu! Peças bonitas, incorpadas, cartas de magia... humm. Bonito mesmo estes Goblins! Sempre quis jogar uma partida assim!

O Zeca Pimenteira foi pior que a macumba do “dedo podre” que o Vitor usa contra o Bouzada. E para citar um exemplo do que foi a partida tinha uma carta de magia, a tal de “FireBall”, que parecia ser o “bicho” e ia me colocar de volta no jogo depois que um bando de Anões detonaram os meus Goblins (só em jogo mesmo). Depois de errar tudo nos dados errei também o Fireball, minhas unidades ficaram isoladas e a derrota foi inevitável. Vida ruim, mas o jogo é bom.

Cacá, Major Bouzada Ronque Fuça, Amiúne (o que é isso?), Zé Colméia, Zavandor, Mosca Morta, Americano, Cadu Bielsa, Shamou, Deputado Camilo Sujeira e outros. Os personagens do Calabouço são mais estranhos que os X-Men, mas a diversão é garantida.

[]s,

Cadu.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

"A Joga dos Aprendizes" ou "A queda da Lenda" ou "A volta por cima de um segundo colocado"


por Warny Marçano
Prólogo
Resolvi dar um tempo no meu blog de Cinema para escrever um Session report da mais nova jogatina que está se organizando aqui no Rio de Janeiro. Estamos ainda desenvolvendo um nome condizente para o evento. Mas o que se pretende acima de tudo é a divulgação do nosso hobby, ao lado logicamente do Calabouço das Peças e do Castelo das Peças.
Ah e aproveito para informar ao tradicional escritor desse blog que atende pela alcunha de André "Mosca Morta Dissimulada" Felipe que se esse que vos fala "gosta de pegar na ferramenta de 4", ele adora uma comida na chamada Cabana do Amor. A vingança nunca tarda!!!

Sábado
13h17
Chego ao Bob's Off Shopping e encontro Japa e Estevão jogando Uno. É um ótimo jogo para passar o tempo e fica mais engraçado com as novas regras inventadas por eles, dando diferentes atribuições para algumas cartas. Testamos mais uma vez já com a Cecília integrada ao grupo.
13h54
Victor "Zavandor" chega (atrasado!) espumando de vontade de jogar Phoenicia (que dizem as más línguas ser filho bastardo de The Scepter of Zavandor). A presença de tão ilustre lenda dos Jogos foi enriquecedora no sentido de todos nós aprendermos novas estratégias. Afinal, Victor é Vossa Majestade do In The Year of the Dragon, Maratonista das Galáxias do Race For The Galaxy, Senhor Absoluto de The Scepter of Zavandor e a Lenda do Phenicia. Mas dessa vez aconteceu o inesperado. Uma data histórica em nosso evento. A queda da Lenda.
14h28
Com a chegada de novos participantes, já estava montada uma mesa de Phoenicia, outra de Stone Age e uma de Puerto Rico, essa última comigo jogando.
O Puerto Rico, na minha humilde opinião, não merece estar na segunda posição do BGG, perdendo para o famigerado Agrícola, no qual nem joguei ainda, mas que só jogo quando estiver em uma posição a sua altura! Ou seja, abaixo de Puerto Rico! Quanto à partida, jogamos em 3 (com Eduardo e Rodrigo na mesa). Consegui produzir bastante milho e tabaco cedo, o que me deu bastante VP no começo do jogo. Eduardo também fez a estratégia de exportação, e Rodrigo (que estava jogando pela primeira vez) não exportou muito, mas construiu bastante. Até a metade da partida, estava com boa vantagem, mas Eduardo e Rodrigo começaram a me marcar, que fiquei bloqueado tanto no navio (não tinha meu próprio navio) quanto na casa de venda (não tinha o office). Resultado: Eduardo (49), Rodrigo (46), Warny (44).
No Stone Age, André fazia jus ao título de Mosca Morta dissimulada, dizendo que não ia conseguir ganhar. Vinte minutos depois, venceu com sobras. Dessa vez, a Lenda do Stone Age continua imbatível.
No Phoenicia, a situação era diferente. Victor dizia ter testado novas estratégias que não deram certo e que ficaria no máximo em segundo. E foi o que aconteceu. Jogo vencido pelo Thiago, que já tinha feito jogo duro comigo no Caylus. Agora dizem que a Lenda tentará conseguir essa alcunha no Jogo da Pulga. Vamos ver se consegue tal feito.
16h19
Mais três mesas são formadas. André resolve jogar Notre Dame, eu abro uma partida de Stone Age e Victor vai para um Galaxy Trucker. E o slogan de nossa jogatina já vai se formando, para desespero de Marco Aurélio "Monster Game" Bouzada:
"Jogos meia-boca também são jogos bons".
Mas é lógico que tem outros mais polêmicos!
"RPG está fora de moda! A nova onda agora são os jogos de tabuleiro!"
E o já tradicional:
"Jogos bons são jogos rápidos!"
De repente o deputado Camilo Sujeira coloca um deles em seus famigerados discursos.
O Notre Dame terminou com vitória apertada do André (74) sobre o Rodrigo (72). Consegui ganhar o Stone Age, mais pela experiência de pegar algumas cartas e cabanas essenciais. Mas com o tempo, o pessoal pegou o espírito do jogo e passou a considerar as cartas fatores bastante importantes para o jogo. No Galaxy Trucker, Victor venceu lembrando sua fama de Maratonista das Galáxias. E a partida teve direito até a nave com apenas um tile! E que por pouco não desapareceu no espaço!
17h53
Alexandre, aprendiz do Cacá "Sapateiros de Catan", resolve mostrar suas versões caseiras de Condottiere e de Batle Line. Esse último fiquei com vontade de conhecer, tamanha a empolgação que o André ficou depois de ter jogado e vencido mais uma partida no dia.
Enquanto isso, Victor deixa sua posição de Professor dos Jogos para aprender o Keythedral com o Japa (o promoter do evento!). Provavelmente o Bouzada deve considerar o jogo nem meia boca, mas 1/8 de boca. Eu particularmente gosto bastante do jogo. Apesar de ter demonstrado que estava se divertindo na partida, Victor começou a desdenhar dizendo que o Keythedral é "apenas um jogo divertido". Mas que estava feliz pelo seu segundo lugar. Lendas sabem ser condescendentes.

18h47
Enquanto o "Twilight Keythedral" continuava rolando, abrimos uma mesa de Puerto Rico com André Felipe, Eduardo, Pedro e eu. Da mesma forma que na primeira partida, jogamos sem expansão. André e eu compramos a Factory e conseguimos ganhar dinheiro para construções. Eduardo ficou no meio termo enquanto Pedro investiu no café e fez uma boa pontuação de construções. Da metade para o final, o jogo ficou entre eu e André, mas pela falta de quarry, André não fez uma boa pontuação de construções, enquanto eu fiz 2 construções tipo 4. Resultado: Warny (50), André Felipe (41), Pedro (32), Eduardo (28).
21h04
O pessoal já estava indo embora, de modo que ficaram apenas 4 pessoas. Resolvemos então jogar um Glory To Rome, que cada vez mais eu gosto. Apesar do designer um tanto duvidoso, o jogo tem uma boa mecânica de role selection e uma curva de aprendizado muito boa. A desvantagem são algumas cartas que contrariam a condição normal de vitória e de término do jogo, como o Fórum. Mas nada impede de se jogar sem elas. Eduardo estava jogando pela primeira vez e só se encontrou no jogo lá pela metade. Eu tentava construir, mas não conseguia os recursos para terminar as construções. Victor acabou ganhando o jogo, depois de André esbravejar que não conseguia pegar carta azul de forma nenhuma. E depois sou eu que fico reclamando!
22h19
Nessa hora rolou uma certa polêmica. Victor e André queriam jogar Agrícola. Para isso, até estavam dispostos a pegar o jogo no esconderijo terrorista do Cacá. Mas logicamente o único número 1 que existe, Puerto Rico, reinou novamente e acabamos por jogar uma terceira partida, dessa vez com expansão. Victor ficou em último, dizendo que havia entendido errado um prédio tipo 4. Eduardo se encheu de victory points no começo do jogo, mas ficou sem dinheiro para comprar um prédio grande. Com black market, church, library e wharf, consegui vencer mais uma. André pegando Settler 3 vezes, tendo Construction Hut, ficou apenas na segunda posição, ainda esbravejando que não consegue jogar Puerto Rico direito ainda. E depois sou eu que fico reclamando (2)! Resultado: Warny (51), André Felipe (44), Eduardo (39), Victor (34).
Epílogo
Era quase meia-noite e ainda tive que aguentar as gracinhas do Victor dizendo que eu levei o Hacienda à toa! A partir de agora vou fazer propaganda para o Hacienda ser o númeo 1 do BGG!
Mas...quando será a próxima partida de Agrícola???
Ficha Técnica:
Número de Participantes: 15
Duração do evento: 11 horas
Jogos: Puerto Rico (3), Stone Age (2), Uno (2), Notre Dame (1), Phoenicia (1), Batle Line (1), Condottiere (1), Keythedral (1), Galaxy Trucker (1), Glory To Rome (1)
Jogos que poderiam ter rolado, mas que por algum motivo não viram mesa: Agrícola, Hacienda, Guillotine, Mykerinos, Galactic Emperor.

domingo, 12 de outubro de 2008

A Torre das Peças e as lendas caindo.

Nesse sábado, o Warny organizou a 2a edição da Torre das Peças, no Bob's Tijuca. Basicamente, é um encontro de amigos e amigos dos amigos para jogar. Em comum, a curiosidade e estarem engatinhando no mundo lúdico. Para não ter só os novatos, ele convidou o Wykthor Zavandor, referência/lenda no cenário lúdico carioca e eu (mas não me pergunte o porquê já q n sou lenda alguma).
Quando cheguei lá, o Wykthor montou uma mesa de Phoenicia, jogo do Tom Lehmann (o cara do Race) que eu achei uma versão piorada do Zavandor mas ele adora e é conhecido por acabar o jogo com a pontuação maior que a soma dos outros jogadores. Eu montei uma mesa de Stone Age e depois o Warny montou um Puerto Rico. E foi aí que A Torre começou entrando para a história do Tabuleiro. A lenda caiu. Wykthor PERDEU no Phoenicia em uma LEARNING SESSION! Não me pergunte como. No Stone Age, o Warny ficava gritando "deixa as ferramentas pra mim". No entanto, com 3 jogadores, ferramenta e farm são partes integrantes da receita. Eu ainda gosto do Stone Age mas optei por rushar o final das cabanas já que a disposição das cartas não estava me favorecendo. Como era Learning Session para o Alexandre e a Cecília, acabei vencendo com alguma folga. 170 e poucos pontos à 98 para o Alexandre e 97 para a Cecília.
Nesse meio tempo, Warny foi surrado no Puerto Rico e Wykthor no Zavandor, dois dos três gamers na mesa tinham sido derrotados e eu estava estranhando estar "invicto".
Em seguida, jogamos a versão Sapateiros de Condottiere do Alexandre, discípulo de Cacá. Com um tabuleiro feito em madeira e pecinhas de war como marcadores. Eu já tive o Condottiere e acho ele muito ruim, justamente pelo efeito "cartas pokémon". No entanto, sei como as pessoas gostam de inaugurar seus jogos. A partida teve aquele efeito já manjado do "o jogador não-marcado". A Cecília que é muito na dela, ficou ainda mais na dela e enquanto os homens se degladiavam de forma primitiva , ela calmamente venceu com muita classe.
Nisso o Wykthor fez uma learning session de Galaxy Trucker em que um dos tripulantes conseguiu perder TODAS as peças na 3a nave! (E olha que ele nem jogou com a expansão).
Eu montei um Notre Dame com o Rodrigo vindo pra minha mesa. Jogamos em 5 jogadores, sendo que o Rodrigo me passando carta. Um "problema"de jogos como Notre Dame e PR é que, em learning session, a sua posição na mesa pode acabar definindo o jogo para um ou outro jogador. Como o Rodrigo sabia jogar, ele me passar cartas acabou fazendo do jogo , muito disputado. Na última rodada eu peguei uma carruagem com uma mensagem de 1 ponto (+1 do parque) e um de grana e ganhei por 74 a 72, uma pontuação muito peculiar para um jogo de 5 jogadores!
Depois do Notre Dame, uma galera foi embora e montaram um Keythedral , um Stone Age e eu joguei o Battle Line, do Knizia com o Alexandre. Fiquei impressionado com a simplicidade do jogo. Apesar de ter aquele esquema de "não importa o tema mas a matemática" , a mecânica é muito boa, o jogo é bem rápido e muito gostoso de jogar. Foi uma learning session para nós dois. Eu comecei tomando uma surra mas consegui virar o jogo ao meu favor mudando a "frente de batalha". Basicamente você disputa 9 espaços, alinhados horizontalmente. Se você conquistar 5 espaços ou 3 um ao lado do outro, você ganha. Para isso, existe um deck de 6 naipes, numerados de 1 a 10. Você faz combinações de 3 cartas , no estilo do pôquer, straight flush, 3 of a kind, flush e straight sendo o mais fraco (fora a combinação de quaisquer 3 cartas). Se em determinado momento você fizer uma combinação que o oponente não possa vencer seja pq é a melhor possível ou pq as cartas na mesa mostram que ele não tem como ganhar (por exemplo, eu faço uma trinca de 9's e ele não tem como fazer straight flush nem trinca de 10) eu ganho. E a mecânica é simples. Você adiciona uma carta em uma das 9 frentes de batalha e o oponente faz o mesmo. Eu tomei uma surra no flanco esquerdo e comecei a abrir novas frentes na direita. Acabei conseguindo três adjacentes e fechei a partida!
Finalmente, jogamos duas partidas de Puerto Rico em sequência. A 1a eu fiz uma jogada Shamou na última rodada e o Warny ganhou. A 2a partida, eu quis mudar um pouco a estratégia, comprei 4 Quarries , a Chapel, a Lighthouse e comprei um monte de prédio. Não surtiu efeito, fiz 45 pontos mas o Warny ganhou de novo. No final das contas, foi uma tarde produtiva , com a galera aprendendo novos jogos e se tudo correr bem, agregá-los ao Castelo e ao Calabouço também :)

Saudações Lúdicas e até o próximo report!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Noite do Meia-Boca

O cenário lúdico carioca sempre foi marcado pela diversidade estrondosa de opiniões quanto ao "bom jogo". E uma das opiniões mais fortes no cenário, do conhecido pro-gamer Bouzada, é a do jogo "meia-boca", ou seja, jogos que não fritem os miolos e não demorem pelo menos 2h30. Entre eles, Race for the Galaxy, Stone Age, Tribune, qualquer coisa do Faidutti e qualquer jogo Franklin Rousseano.
Como o Bouzada estava ausente ontem, a fiscalização anti-meia boca não rolou e eles rolaram soltos para desespero do Heavy Gamer nº1 da galera. Começamos com o Gloria Mundi, um Banco Imobiliário que se passa em Roma e você anda com cartas ao invés de dados.
Sacanagem à parte, é um jogo do Rogério que o Cacá fez sociedade e levou para o Calabouço. Não encheu muito meus olhos não, O Carlão acabou se confundindo com os símbolos do prédio mas como quem joga, joga, ficou em 2º atrás do Cacá que passeou por Roma. Visigodo nenhum se mete a besta com o 1º terrorista da história do Império Romano. Acabou chegando em Cartago muito bem e o Carlão que não precisa saber jogar pra pancar, ficou em 2º.


Depois, separamos as mesas. Rolou uma sessão maratona "palha games" com Escalation, Gold Digger, Saboteur e Citadels. Todos os jogos contando com a presença do Shamou que estava fantasiado de trombadinha Heavy Metal.

Enquanto isso na ala meia-boca, decidimos estrear o Mission Red Planet. O jogo é exatamente como eu anunciei: Citadels com El Grande. A grande diferença pro Citadels é que todos tem o mesmo deck de personagens. E pro El Grande é que no El Grande você tem controle da situação. É um jogo feito pra divertir. E o custo-benefício é ótimo. Dura só uma hora. Não dá pra tentar ter controle de tudo. É muito caos ao mesmo tempo. E quando se trata de Caos, o Arthur é imbatível e deu uma surra na galera. Ficou mais de 20 pontos na minha frente, que ficou em segundo sem nem saber como.


Pra terminar a noite com um 3/4 de Boca, jogamos o Tribune. Já falei várias vezes dele. Jogamos de novo com o objetivo para 5 jogadores que não tem Tribune obrigatório. E dessa vez , o André ficou anos-luz na frente da galera. Fez o fino do Tribune, travando o favor temporário dos deuses com a biga e garantindo a grana como finisher na última rodada. Ainda rolou uma discussão de que se poderia atrasar a vitória mas de qualquer forma, como eu e o Cacá não ganhamos, concordamos que a partida foi muito páia. Agora falando sério, com 5 jogadores, acho que o jogo perde um pouco. Com 4 as partidas tendem a ser melhores e mais disputadas. Na próxima vez quero testar o outro objetivo de 5 jogadores sem o Tribune obrigatório (que aumenta em muito o tempo de jogo).

Pra finalizar, fui surrado pelo Cacá no Carcassonne: The Castle! E ainda roubei pra tentar diminuir a humilhação pública.

OBS: Em homenagem à ausência do Bouzada, esse report foi formatado para ser meia-boca.

Sábado tem W-Peças ou WarnyCON no Bob's Tijuca! Aguardo vocês lá.

sábado, 4 de outubro de 2008

A Volta dos que não foram

Calabouço de casa cheia é outra coisa! Com as férias da galera coincidindo (seja do trabalho, da patroa ou férias espirituais como a minha), rolou um Mega Calabouço das Peças com 4 mesas simultâneas.


A participação notável sem dúvida foi do Léo Rota-Rossi, vulgo garoto-propaganda da Alea, que apareceu por lá mas não trouxe o Elfenland, um jogo que ele gosta muito e só ele, em todo o RJ, gosta.


Outro fato notável foi a dobradinha do deputado Camilo Sujeira que, em tempos de eleição, voltou para marcar pontos com a comunidade lúdica depois das falcatruas no Tribune na semana anterior.

Finalmente, apareceram o Antônio Marcelo que tava sumido e o Paulo Henrique que conheceu recentemente os jogos modernos e como a maioria, está encantado.


As mesas começaram cedo. Léo "Elfenland" Rossi, Camilo Sujeira e Dedo-podre Bouzada no Scepter of Zavandor, excelente jogo econômico que nós só jogamos no Calabouço quando o Wykthor Zavandor está ausente. O jogo, como o Camilo fez questão de frisas várias vezes ao longo da noite, é excelente, ótimas mecânicas, ótimo uso dos leilões mas o tema é MUITO gay. Encantar gemas para ganhar o Cetro do Zavandor é algo que, provavelmente, só o Warny das Ferramentas iria querer. Afinal, qualquer coisa de formato fálico, está nas prioridades do mesmo.

Na mesa ao lado, a minha, começamos com o Tribune que eu já comentei no report passado e, apesar da indignação do Bouzada "Pára de jogar jogo páia, André", é um jogo que eu gosto bastante e pude ensinar para o Cadu, o PH e o Antônio Marcelo. Foi nossa primeira partida com 5 jogadores, o André Amiúne estava na mesa também. Sem o Camilo para influenciar os Senadores, ele acabou sendo meio rejeitado no começo do jogo. A galera ficou meio pacífica com relação às facções e sem muita marcação. Logo na 1a rodada, eu tomei os gladiadores com o líder, ganhando 2 legiões (são necessárias 3 para cumprir um objetivo). O Antônio estava indo muito bem, conseguindo o favor eterno bem rápido, enquanto o Cadu fez o Tribune bem rápido. Eu decidi abandonar o Tribune e, como as facções estavam com pouco conflito , decidi atacar os faction markers. A grana, pelo que eu percebi, é um objetivo que você pode fazer em uma rodada só, botando todo mundo lá no coin Bowl. Então só precisava de mais um objetivo. Tomei as virgens, dei toda minha grana na carroça para bloqueá-las (não gosto dessa história de compartilhar a virgindade das mesmas com os outros) e garanti o favor dos deuses. Na última rodada, botei todos os meeples na grana e acabei fechando o jogo.


Ao lado, estava rolando um Stone Age com Nobre, Rodrigo e Renato. Lá embaixo Cacá, Arthur, André Boné, Carlão Kingsburg e Rodrigo Notre Dame González jogavam Colosseum. No eaitemjogo.blogspot.com tem um report completo e muito mais bonito e organizado sobre o jogo.


Depois do Tribune, o Antônio Marcelo substituiu o Renato na partida de Stone Age e decidimos jogar o que seria o PONTO ALTO DA NOITE. PASSADEIRAS DE CATAN!!!!!!!!!!!!!!! O nome real do jogo é Q-JET, vulgo ferro de passar roupa. Tá no top 10 do Camilo, junto com purrinha, rouba montinho, jogo da velha, Guerra, par ou ímpar e Ludo. Os carros realmente são idênticos a um ferro de passar e acaba dando uma função extra ao jogo, com partidas sendo realizadas sob camisas amarrotadas , basta dar uma esquentadinha nas miniaturas. (Ok, essa foi horrível mas é para eu tentar me aproximar do nível humorístico de Camilo Costinha e Wykthor piadista Zavandor). O jogo realmente é páia. É um jogo de corrida que você usa cartas para movimentar os carrinhos, dá para dar umas fechadas mas é basicamente isso. É gostoso de jogar, bem rapidinho e vale a pena pelas piadinhas relacionadas ao mesmo. Estava liderando bem até a maldição de "não pode usar as cartas de 6 em primeiro lugar" fizeram meu ferro de passar lembrar a Ferrari e acabei sendo ultrapassado na última carta pelo André Amiúne e fiquei com um honroso 2o lugar enquanto o Cadu foi ownado pelo PH com fechadas intermináveis e amargou um longíquo último, em uma atitude lúdica muito nobre.

Um pouco depois do fim do Q-Jet, acabou o Zavandor também, com o Bouzada pegando no cetro do Zavandor para ciúmes longínquos do Wykthor e do Warny.

Partimos então para um Louis XIV. Lá no eaitemjogo eu falei sobre ele no report do Castelcon. É relativamente rápido, dependendo da AP da galera, muito bonito e pequeno. Ficou um pouco arrastado, o Cadu fez a estratégia dos Brasões mas o André, que normalmente ganhava o Louis XIV, acabou cumprindo mais missões que a galera e ganhou , apertado. O placar final foi 47,45 e 43 pra mim. O PH, como nunca tinha jogado nenhum controle de área, ficou um pouco atrás.

Nesse meio tempo, a galera tava se chicoteando no In the Year of the Dragon, outro jogo que só jogam quando o Wykthor Zavandor não está presente. O Bouzada e o Arthur que são os dois grandes viciados no jogo acabaram disputando até o final mas o Bouzada, pro gamer, ganhou.

O Camilo decidiu explicar o Agricola, a mesa estava cheia, uma galera foi embora e o In the Year não tinha acabado ainda, então eu decidi apresentar/jogar o Carcassonne: The Castle para o PH.
Como eu sei que o setup/explicação do Agricola leva um boom tempo, deu para jogarmos tranquilamente. O TC é minha versão favorita de Carcassonne, de longe. Como diz o
Bouzada-2500-partidas-de Carcassone, é um jogo para 2 mesmo, então não precisa de mais gente. Regras simples e com learning curve bem acentuada. Acabei ganhando com uma boa vantagem, 106 a 67 mas muito mais por ter valorizado os wall tiles (que fazem muita diferença no final) do que por outra coisa.

Finalmente, terminada a explicação do Agricola, eu teria minha 2a chance. E não fiz tão feio quanto da outra vez. Com 5 jogadores, fica muito mais controlada a questão do Family Growth já que você sabe exatamente quando vai aparecer e, em determinado momento, haverá dois disponíveis. Outra coisa importante é a diversificação da fazenda. Consegui ter todos os animais, só o grão que foi impossível com a presença do André-Padeiro-Amiúne pegando grãos toda rodada. Acabei comprando um forno bombado lá e tacando javali e gado para alimentação da galera. Em determinado momento, rolou o momento "Vamo botar água no feijão" já que eu tinha os 5 trabalhadores e todos com apetite de Wykthor em dia de churrascaria. No final das contas, o André acabou confundindo o efeito de uma carta dele e tomou mendigo na cabeça. O Léo Rossi e o Cadu sofreram da síndrome de primeira partida e acabaram com pontuações na casa dos 15 e 25 pontos respectivamente. Eu comi mosca não transformando minhas casas em pedra e o Camilo, usando sua influência política nos campos, abusou do voto de cabresto, oferecia cenoura em troca de pontos e todo tipo de falcatrua possível e imaginável. Resultado 46 pra ele, 41 pra mim.

Ao lado, ainda tava rolando uma partida de Leonardo da Vinci, jogo que o Bouzada adora mas nunca consegue jogar. E obviamente, ele ganhou na learning session que fez pra galera.

Resultado, um Calabouço muito prolífico com a galera das antigas aparecendo e uma nova e excelente partida de Agricola, confirmando que é um jogo muito maior que o hype que estão fazendo ;)

Grande Abraço e até a próxima!