sábado, 26 de julho de 2008

Jogos, Trapaças e um Glossário fumegante

Mais um Calabouço aconteceu nesta última quinta-feira, e como não podia deixar de ser tivemos o prazer da companhia de vários amigos e figuras ilustres dentre as quais não poderia deixar de citar: André “Cínico” Felipe (mais conhecido como Fel), Major Bouzada Ronque Fuça, Psicopata Americano (ou apenas “Americano”), Arthur, André Amiúne (é assim mesmo?), Carlos “O Expert em Power Grid” e uma turma animada do RPG que está sendo catequizada aos poucos para o universo dos boardgames.

Catan Bélico?

Como o Major Bouzada Ronque Fuça estava atrasado resolvemos começar uma partida de Catan com 4 jogadores: Cadu, Fel, Arthur e Americano. Eu pensei que fosse impossível o Americano fazer uma estratégia bélica no Catan, mas eu estava enganado. Para começar, em sua primeira rolada de dados, o Americano já tira 7 acionando o ladrão para dar prejuízo em alguém. Depois ele começa a comprar cartas de desenvolvimento seguidamente na esperança de montar o maior “Exército” e ganhar os dois pontos de bonificação. Foi difícil fazer ele entender que este “Exército” não era para atacar alguém.

Flea Circus

Enquanto jogávamos Catan chega o Bouzada, ávido por um tabuleiro, babando e farejando, quase amarelo, sintomas da abstinência lúdica de cerca de 4 horas (ele joga Bang! na faculdade apesar de não admitir). Ele estava tão necessitado que aceitou jogar “Flea Circus” com o Carlos. O Carlos, diga-se de passagem, é um exímio jogador de Power Grid, com 100% de aproveitamento vencendo sua única e sensacional partida realizada no Calabouço da semana passada. Valendo-se de sua fama recém adquirida Carlos diz para o Bouzada que só aceita jogar alguma coisa porque não tem outra mesa disponível.
Para quem não conhece o “Flea Circus” (Circo das Pulgas) é um jogo de autoria do Reiner Knizia onde jogadores representam pulgas que estão apresentando números circenses com o objetivo de atrair cães e gatos. Hummm?!!!

Galaxy Trucker

Cadu, Fel e Americano formaram um grupo para uma partida de Galaxy Trucker enquanto Major Bouzada Ronque Fuça preparava uma mesa para o Through the Ages. Americano garantiu presença.
O Galaxy Trucker é um jogo interessantíssimo onde o jogador tem que montar uma nave espacial para realizar uma viagem com o objetivo de resgatar mercadorias em planetas e entregá-las a salvo. Ao montar a nave o jogador pode colocar cabines para astronautas e alienígenas, geradores de escudos, canhões laser (os preferidos do Americano), compartimentos de carga, propulsores e baterias.
Ao montar minha primeira nave eu ainda estava na metade quando o Fel, com muita experiência no jogo, já havia terminado seu couraçado.
A nave do Fel estava perfeita e muito bem dividida. Escudos protetores para todos os lados, compartimentos de carga comum e radioativa, alienígenas confortavelmente estabelecidos e com regalias especiais, bateria de sobra, propulsores duplos e alguns canhões para eventuais surpresas.
A nave do Americano, sem nenhuma surpresa, só tinha canhões laser simples e duplos, alienígenas com especialidades militares e uma vontade fora do comum de encontrar piratas espaciais pelo caminho. Mesmo assim, em uma das viagens, o Americano perdeu todos os escudos e de nada adiantou sua nave ter tanto poder de fogo se não tinha nenhuma defesa.
Projetada com auxílio dos engenheiros da Minardi a nave do Cadu, com apenas duas baterias e o selo “Made in China”, sofreu com o ataque dos Piratas que destruíram toda a fuselagem externa deixando os compartimentos principais expostos (Hummm, nossa!!!). Os alienígenas, que só sobrevivem com o auxílio de câmaras especiais, estavam apavorados e rezando em todas as línguas conhecidas para que não saísse nos dados as coordenadas de sua localização.
Quando pensei que todo o tipo de tragédia já podia ter acontecido eis que surge uma chuva de meteoros e atinge o compartimento de carga de uma das naves mandando tudo, literalmente, para o espaço. O pior é que em um dos caixotes estava a encomenda da FairPlayGames que o Vitor havia feito. Vida ruim.

Kingsburg

Não satisfeito em ter nos dado uma surra no Galaxy Trucker, Fel resolve participar conosco de uma partida de Kingsburg com cinco jogadores: Fel, Cadu, Carlos (aquele, que ganha e não sabe que ganhou), Renato e André Amiúne (será que é assim mesmo?).
Já no primeiro ano Fel e Cadu, confiando que o rei enviaria soldados suficientes para a peleja, perdem o combate para os Orcs e a situação passa de difícil para Draculesca-Transilvânica. Carlos, macho pra caramba, não faz um soldado sequer a partir do segundo ano quando por mais uma vez os inimigos são os Orcs. Desta vez foi pior... Novamente o rei manda só UM grupo de camponeses para ajudar na batalha e o único que consegue sobreviver ao ataque é o André Amiúne (tá certa a pronúncia?). Cadu e Fel perdem o Market recém-construído e dois valiosos recursos. A macheza do Carlos continua mesmo perdendo sua Capela. Renato não acredita no que aconteceu e fica até meio desanimado. O Americano, jogando Through the Ages, tá rindo sozinho do outro lado.
Mas a principal surpresa estava para o último ano. Dragões estavam preparados para consumir os desnutridos camponeses, que estavam sobrevivendo apenas dos salgadinhos que o Arthur vende no Calabouço enquanto o André Amiúne (é este mesmo o nome?), liderava com uma vantagem de 11 pontos para o Cadu que havia se recuperado bem de duas derrotas para os Orcs. A vitória do André só estaria ameaçada se o rei novamente fosse econômico ao enviar soldados para as províncias. E foi exatamente o que aconteceu. O rei só enviou um regimento e o André sofreu uma devastadora derrota que o fez perder 5 pontos enquanto seus adversários Cadu e Renato se aproximavam no placar. No entanto, mesmo com a ajuda dos dragões contratados pelo Americano, André venceu com 34 pontos enquanto o Cadu conseguiu incríveis 33 depois do desastre que foi a partida. O André Felipe, a partir do terceiro ano, não tirou mais do que 10 na combinação dos dados e terminou a partida com também incríveis... 13 pontos. Desta vez quem foi surrado foi o Fel. Esta foi a partida mais bizarra de Kingsburg que eu já participei.

Kingdoms

Fel, Cadu e Rodrigo (da turma da Mônica... ops... quero dizer... da turma do RPG) reuniram-se para jogar Kingdoms. Já eram umas 4:30 quando começamos enquanto na outra mesa a partida de Through the Ages continuava a todo vapor.
No Kingdoms os jogadores tentam fazer o máximo de pontos possíveis evitando o dragão (ele de novo!) e os pontos negativos que vão surgindo durante o jogo. É um jogo rápido e divertido, vale a pena conferir.
O Fel, com certa experiência no jogo, venceu facilmente as duas partidas fazendo uma pontuação bem acima da dos seus adversários.

Race for the Galaxy

Eram 6:30 da manhã quando resolvemos jogar a última partida da noite (ou seria dia?) e o escolhido foi o Race for the Galaxy, novamente com Cadu, Fel e Rodrigo (da turma do Chaves... ops... quero dizer... da turma do RPG).
Fel já jogou Race for the Galaxy várias vezes e tentou, logo de cara, fazer a estratégia da mineração amparado pelo seu planeta natal. Rodrigo (que só tem RPG na cabeça) não estava entendendo p#$#%# nenhuma do jogo e foi o fator caos da partida. Cadu conseguiu um bom timing nas etapas de colonização e desenvolvimento e acabou vencendo a partida com 38 pontos, seguido do Fel que fez 37 pontos e do Rodrigo com 24.
Fel saiu triste por ter perdido a partida do Race. Ele, junto com o Warny e o Vitor, formam o “Eixo do Mal” do Race for the Galaxy cuja superioridade não poderia ser ameaçada. Mas também não dá para ganhar tudo...

Through the Ages

São 07:00 da manhã. Termina a partida de Through the Ages. Bouzada, Arthur e o Nobre perderam para a estratégia belicosa do Americano. Desde então o mundo corre sérios apuros...

Glossário

Com muita honra que nós do Calabouço recebemos a menção do Fabio Tola em seu post na BG-BR. Ele muito bem alertou sobre a falta de um glossário para os termos mais difíceis que utilizamos em nossos session reports. Por isso colocamos a disposição de nossos leitores o referido glossário, não fugindo é claro do objetivo de nossos reports que é divertir.

Em ordem alfabética (e por coincidência de belicosidade também)

Americano => Sujeito magro e franzino mas extremamente perigoso no que diz respeito a jogos de pancadaria. Conseguiu a proeza de fazer mais soldados do que o disponível no Age of Empires. Seu ponto fraco é justamente o sua maior característica: a estratégia militar. Você já imaginou alguém fazendo estratégia militar no Hacienda? Não duvide pois o Americano é capaz.

Bouzada => Parece um termo mais é um nome. Originador de outro termo: bouzando. Sujeito que nunca dorme e vive de jogar tabuleiro e das jogatinas noite adentro. De dia, se não tiver na faculdade ou numa jogatina, ele se refugia em sua cripta onde fica estudando os manuais dos jogos de tabuleiro modernos.

Bouzando => Sinônimo de “Analisys Paralisys”, porém elevado à décima potência...

Camilo Caverna => Antigo refúgio do Deputado Camilo Sujeira. Disseram que ele está de mudança levando a Camilo Caverna para Realengo...

Cubra Valente => Qualquer civil do tabuleiro. Pode ser um meeple do Carcassone, um Merchant do Age of Empires, um Knight do Game of Thrones, tampinhas de garrafa dos sapateiros de Catan do Cacá... etc.

Cubriagem => São todas as ações, geralmente questionáveis, realizadas pelos jogadores de tabuleiro que comandam cubras valentes. Exemplo de cubriagem: Vitor Zavandor, em uma partida de Through the Ages, destrói a “Universidade de Carolina” do Cadu que estava quase finalizada. Isso tudo para ganhar somente dois pontos (segundo o Fel gosta de lembrar). Isto é uma cubriagem.

Jogada Shamou da Semana => Shamou é protagonista das jogadas mais engraçadas do mundo dos tabuleiros. Principalmente quando tem uma garrafa de Tequila por perto. A “Jogada Shamou da Semana” foi um termo criado para premiar (ou não!) aquele jogador que tenta copiar o inigualável Shamou e suas jogadas inexplicáveis.

Rogério Edition => Rogério é um grande colecionador de jogos. Vez ou outra ele descobre umas preciosidades do mundo lúdico. Por ter muitos jogos, e estou sendo modesto, às vezes ele cria uma confusão na sua mente (já que são tantas mecânicas!) e ensina regras bem diferentes do que está escrito nos manuais. Todo mundo acha estranho quando joga a primeira vez com ele e o resultado é quase sempre uma conferida no livreto de regras. Toda vez que alguém ensina um jogo com alguma regra errada, isto é na verdade uma “Rogério Edition”.

Salles => Termo utilizado para definir uma derrota para qualquer jogador neutro.

Sapateiros de Catan => Qualquer jogo homemade, geralmente produzido pelo Cacá, que for armazenado numa moderna e etiquetada caixa de sapatos.

Vida Ruim => Este termo é mais recente. Quando alguém reclama de sua situação no jogo todos dizem em coro: Vida ruim. É melhor do que usar um f@#%-se...

Quinta-feira que vem tem mais Calabouço.

[]s,

Cadu.

4 comentários:

Fabio Tola disse...

Ótimo glossário!

eh.. tb sofro da Rogerio Edition. Mas em minha defesa eu alego q o jogo fica melhor com essas regras diferentes! Nem queiram saber como minha edição deixou o Antike melhor :-)

Fel disse...

Boa Cadu. Só faltou você ter falado da 2a partida de Galaxy que rolou e da asfixia dos aliens! Quanto ao Eixo do Mal, em minha defesa, devo dizer que sou coadjuvante do processo ;)

Cacá disse...

Cadu, realmente você está se superando nas resenahs.. heheheeh

Agora, esse glossário tem que aumentar... =)

abraços

acamiune disse...

Muito bom! O nome é esse mesmo, mas sem acento... :)

André