terça-feira, 30 de setembro de 2008

Agricola, At last!

Depois de muito falarem, reclamarem, compararem, eu finalmente consegui jogar o Agricola. Em uma operação terrorista de alta categoria, o Cacá sequestrou o Agricola do Camilo em plena 3a feira e, em um vídeo agressivo, prometeu fatiar o jogo se a gente não jogasse até 5a feira (que foi o dia do Calabouço). Como não se discute com sequestradores de jogos que passaram o Puerto Rico no top1 do BGG, decidimos jogar.
Eu , como eurogamer de carteirinha, tinha certeza que iria gostar do jogo. O problema é que, além de ser muito disperso, estava rolando uma partida de Kingsburg do meu lado. E eu adoro dar pitacos, logicamente. Ainda mais quando Carlão "Kingsburg's King" estava jogando. Peguei a explicação relativamente bem. Depois de digerir Antiquity e Roads n' Boats, o Agricola não foi tão pesado. O grande mal é que eu não percebi que qualquer coisa que você tivesse "zero" (gado, javali e afins) faria com que se perdesse um ponto. Outra grande consequência negativa pra mim foi supervalorizar os minor improvements. Absorver as regras, traçar planos, estar jogando O Agricola, ser o único novato e aprender novas estratégias de Kingsburg com o Carlão na mesa ao lado é muita coisa pra minha cabeça e pra minha falta de atenção.
Logo que o jogo começou, eu percebi a infinita rejogabilidade que o jogo proporciona e como você fica sobrecarregado com a quantidade absurda de opções logo de cara. Não sei pq, mas eu tive um pouco da velha sensação do Harvest Moon quando estava jogando. Aquele clima de "fazendinha". Até é claro, chegar a hora de alimentar o povo e perceber que ia ter que rolar um esquema de sopão pra família.
Ainda na linha européia, classe média, quis ter só um filho, pouca barriga pra alimentar e uma casa melhor (de pedra). Não adiantou bulhufas. Minha fazenda que acabou virando um complexo latifundiário e com um mega pasto de ovelhas provou-se ineficiente. Agricola na verdade é um jogo que privilegia a reforma agrária, cultura de subsistência e todas aquelas coisas antigas que deveriam ter sido abolidas mas não foram. Resultado, Bouzada ganhou com folgas na sua fazenda old school. O Cacá que exercitou suas teorias islâmicas queimando as ovelhas no marmóre do inferno (coitadas) acabou com o vice. O André Amiúne que era o padeiro da galera acabou em 3º e eu, capitalista selvagem agressivo amarguei a última posição.
Nesse interim , O Camilo ensinou o Dog pra galera. Eu apelidei ele de "Ludo on steroids" pq ele é basicamente isso. Um Ludo que substituiu os dados por cartas. E deu um aspecto muito mais estratégico ao jogo. Longe de ser um jogaço, completo e afins mas muito interessante, de qualquer forma. O Guilherme enquanto isso, armou uma mesa de Gold Braun , do Carlão para que ele pudesse estreá-lo e depois jogou algumas partidas do seu novíssimo e alemão Saint Petersburg.
Quando o Agricola acabou, ficou aquela sensação de "quero jogar de novo pra fazer menos cagadas", mas como sou sempre pró-variedade, separamos duas mesas. O Cacá, Bouzada e Americano foram jogar o La Cittá, o Guilherme continuava o massacre do Saint Petersburg contra os pobres desavisados que não tinham jogado ainda e eu, Camilo, Zé e André Amiúne fomos jogar o Tribune.
Apesar da opinião negativa de muita gente no BGG e na BG-BR, a galera do Calabouço/Castelo ficou encantada com o jogo. Muitos, inclusive, preferem ele ao Stone Age. Eu tô no meio. Depois de muitas partidas de Stone Age no BSW e ao vivo, acabei achando um pouco decisivo a ordem que determinadas cartas saem (como o 2x meeple com madeira, 3x cabana e afins). O Tribune, por outro lado, por ter várias cartas de objetivo e diferente número de jeitos de alcançar a vitória acabou me agradando mais. Fora que é um jogo belíssimo com o selo de qualidade da Fantasy Flight. O Camilo, conhecido como Deputado Camilo Sujeira, no interim da política , influenciou os senadores logo de cara. Com a ausência do Cacá para sacrificar as virgens, coube ao Zé essa difícil tarefa de tirar a pureza das virgens tão virgens quanto a Britney Spears nos tempos de Rock in Rio (quando ainda era no Rio mesmo). Eu fiquei meio perdido, pegamos uma carta que o Tribune era objetivo obrigatório e foi um jogo bem longo (demorou mais que o La Cittá). No final das contas, vira do Camilo que subornou os senadores até não poder mais e acabou abrindo uma boa vantagem em relação ao resto do pessoal. O André Amiúne fechou na mesma rodada que ele mas perdeu nos pontos.
Calabouço de casa cheia, croissant de chocolate e finalmente, uma partida de Agricola. Quero jogar novamente, pra não fazer tão feio dessa vez. Com as mãos abanando e péssimas atuações, o Calabouço serviu para desfazer esse título de mosca morta que tenho , já que não ganhei jogo algum, comprovando assim que sou apenas um casual gamer sem nenhum poder competitivo frente às lendas do cenário lúdico carioca.

2 comentários:

Guilherme Rodrigues disse...

Até no metagame o safado é uma mosca-morta dissimulada!

Cadu disse...

hahahhahahahhahahahhahah...
muito maneiro!